quinta-feira, janeiro 18, 2007




O ínico foi do fim nunca do próprio início quando tu serenamente mexias o café fazendo círculos geometricamente perfeitos e a tua mão não saía do teu joelho. Olhavas para a espuma do café, perdias nela o teu olhar inquiteto e o teu sorriso vesciral.



A minha presença era mais uma ausência.



Invejei ser a espuma de um café.



As palavras eram de silêncio.



Os gestos viciados.



Os sentimentos armazenados num baú perdido.




A conta veio pela mão do empregado mas o teu olhar já tinha
saído à muito tempo e pagei eu a conta.


Não era muito dinheiro mas era daquele café que não era eu mas a espuma do teu olhar.



Não tinha dinheiro comigo nem o teu nem o meu sorriso.



Não foi preciso o corpo para pagar.



Só um pedaço do meu coração.



Saí para a rua e perdi-me nos paralelos da cidade.

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