Ocupamos a Praia Do Amor
Ocupamos a praia do amor
entre bandolins de Picasso repletos de areia
e patas de esfinge semi-enterradas
e papéis de piquenique
patas de caranguejos mortos
e marcas de estrelas do mar
Ocupamos a praia do amor
entre sereias encalhadas
com seus bebés berrando e maridos calvos
e bichinhos de madeira feitos em casa
com colheres de gelados a fazer de pés
que não podem amar ou andar
excepto para comer
Ocupamos a orla do amor
seguros como só os ocupantes sabem ser
entre poças remanescentes
de maré salgada de sexo
e os suaves regatos de sémen
e balões flácidos enterrados
na carne macia da areia
E ainda rimos
e ainda corremos
e ainda nos deitamos
nos botões do amor
mas é mais profundo
e mais tarde
que pensamos
e tudo se gasta
e todas as nossas boias d’amor falham
E bebemos e afogamo-nos
LAWRENCE FERLINGHETTI
in "A Boca da Verdade - Edição do autor - 1986
Etiquetas: poesia
1 Comentários:
um belo de um poema :)
beijocas e Bom Domingo :p
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