Depois de ter tido o prazer de assistir, na sexta-feira e no domingo, respectivamente na fnac do GaiaShopping e na fnac do Norteshopping, à apresentação do disco Bossa Nossa, hoje à noite pelas 22h30 Márcia Barros reaparece no Café Lusitano.
Uma oportunidade para quem já segue a sua carreira a rever novamente. Uma oportunidade para quem a desconhece se apaixonar.
"O título deste álbum 'O melhor da pop portuguesa, em ritmo Bossa Nova', faz jus ao conteúdo deste disco, pois nele reúnem-se alguns dos melhores temas da pop portuguesa das últimas décadas, em ritmo bossa nova, como: “Bairro do amor” (Jorge Palma), “Não sou o único” (Xutos), “Jardins Proibidos” (Paulo Gonzo), “O Pastor” (Madredeus), “Tudo o que te dou” (Pedro Abrunhosa) ou ainda “Perdidamente” (Trovante), entre muitos outros.
Uma nova leitura de vários clássicos de sucesso da melhor música feita em Portugal, em ritmo Bossa Nova e interpretados pelo projecto Bossa Nossa!" [SonyBMG]
Esta semana passeei pelo campo da minha memória. No seu recanto mais remoto era um campo de futebol onde, uma vez por ano, se realizada a feira da fruta. Nessa altura, ganhava vida para além dos jogos de fim-de-semana nos quais os jovens rapazes da aldeia se divertiam. Vários stands de fruta dos agricultores do concelho apresentavam os seus produtos e concorriam com a sua melhor fruta para os prémios em concurso. Ainda me lembro de, numa dessas feiras, ver um tomate quase do tamanho de uma melancia. Quanto maiores e desporpocionais fossem os tamanhos das frutas ou vegetais maior a probabilidade de se ganhar o primeiro prémio. A grandiosidade e popularidade da feira aumentava de ano para ano. E em cada ano, mais visitantes vinham de todos os cantos do nosso distrito. E em cada ano mais agricultores reclamavam o seu stand para mostrar os seus produtos. Começaram também a existir barraquinhas de artesanado, barraquinhas com diversões, barraquinhas de pipocas e algodão-doce e até construíram um palco para as bandas de rock e grupos de folcore animarem a malta. O orgulho desta pequena aldeia era visível. Cada vez mais pessoas a reconheciam no grande mapa que é Portugal. E cada vez mais pessoas da aldeia se voluntariavam para ajudar na sua organização, como foi o caso da minha mãe, que não só passou a fazer parte do seu staff mas que, quando chegou a altura de construír a sua casa, o fez no terreno junto ao local onde anualmente se realizada a feira. Dizia ela, assim não preciso andar muito para ir às festas, é só saír de casa e entrar na feira. O que ela desconhecia é que passado dois ou três anos a festa acabaria. A festa acabou. As pessoas desapareceram. A fruta está para sempre fora de época. Já não há pomares de maçã nem pomares de pêras nem vinhas. Os terrenos povoados de fruta deram lugar a pinhais ou eucaliptais ou simplesmente estão abandonados. Abandonados como a aldeia, como o campo. Os jovens cresceram. Tornaram-se adultos mas não como os seus pais. Eu sou uma dessas jovens que tal como tantos outros virou as costas à tradição agrícola da nossa aldeia. Muitos de nós fomos estudar para outras terras e por lá ficou na sua vidinha. Os que da minha geração ainda vivem aqui dedicaram-se a outras actividades. E os mais novos não têm memórias desses tempos. O campo de futebol que anualmente ganhava vida com fruta e música, agora está ao abandono. Lembra-me aquelas aldeias norte-americanas de cowboys abandonadas, percorridas por ragadas de vento, que vemos nos filmes. Não tenho moral para dar lições de moral. Só tenho saudades do que já foi a minha aldeia.