segunda-feira, julho 21, 2008

Palpar




Mis manos
abren las cortinas de tu ser
te visten con otra desnudez
descubren los cuerpos de tu cuerpo
Mis manos
inventan otro cuerpo a tu cuerpo



Octavio Paz

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sexta-feira, julho 11, 2008

"Sem Medo, Maria"





Sem Medo Maria, com prefácio de Marcelo Rebelo de Sousa, é o título da estreia literária da jornalista Fernanda Freitas.
Jorge Lacão assina a nota conclusiva de Sem Medo Maria, uma obra que revela e analisa dados estatísticos referentes ao cenário da violência doméstica em Portugal, dando voz a algumas das vítimas de tal crime, oriundas de todas as classes sociais e de todos os pontos do País, bem como representantes de todas as idades, incluindo adolescentes.
Segundo Fernanda Freitas - cuja preocupação social é sem dúvida abrangente, sendo igualmente ilustrada na qualidade de voluntária da Fundação do Gil em vários hospitais e de embaixadora da SOS Hepatites - «a primeira chapada é sempre sem querer. Mas repete-se. Geração após geração. De Maria em Maria».
Só entre 2000 e 2006 registaram-se em Portugal cerca de 110 mil ocorrências de violência doméstica, 86% das quais infligidas em representantes do sexo feminino. Dados aos quais Fernanda teve oportunidade, em ano e meio de pesquisa, de atribuir rostos.
Sem Medo Maria abarca ainda opiniões de especialistas e um útil guia de ajuda às vítimas com contactos nacionais, ao nível legal, social e psicológico.



FONTE: destak

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sexta-feira, julho 04, 2008

Ocupamos a Praia Do Amor




Ocupamos a praia do amor
entre bandolins de Picasso repletos de areia
e patas de esfinge semi-enterradas
e papéis de piquenique
patas de caranguejos mortos
e marcas de estrelas do mar



Ocupamos a praia do amor
entre sereias encalhadas
com seus bebés berrando e maridos calvos
e bichinhos de madeira feitos em casa
com colheres de gelados a fazer de pés
que não podem amar ou andar
excepto para comer



Ocupamos a orla do amor
seguros como só os ocupantes sabem ser
entre poças remanescentes
de maré salgada de sexo
e os suaves regatos de sémen
e balões flácidos enterrados
na carne macia da areia



E ainda rimos
e ainda corremos
e ainda nos deitamos
nos botões do amor
mas é mais profundo
e mais tarde
que pensamos
e tudo se gasta
e todas as nossas boias d’amor falham
E bebemos e afogamo-nos



LAWRENCE FERLINGHETTI
in "A Boca da Verdade - Edição do autor - 1986

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